Dia seguinte, cap. 1
Juro pra ti que eu não lembro de absolutamente nada depois das 2 da manhã. Estava na mesa do bar, olhei pro garçom e disse “desce dois whisky ai por favor”, ele olhou pra minha cara impressionado, deu uma risada de desacreditado e disse “você ainda tá contando?”, eu olhei pra cara dele, sorri, e disse “agradeça por eu estar ajudando a casa”, e pronto, depois disso não lembro absolutamente nada.
Acordei sem camisa no sofá do meu amigo, suando e com uma puta dor de cabeça, parecia que tinha dois bodybuilders martelando minha cabeça. Quase sem senso de direção algum, comecei a tatear o chão para ver se eu achava meu celular, tudo que eu consegui achar foi minha blusa toda molhada e fedendo( isso porque só fui achar minha jaqueta depois, em cima da pia, toda ensopada) sem sucesso decidi levantar tomando todo o cuidado do mundo, porque do jeito que eu tô, parece que a gravidade tá pronta para a qualquer momento me dar uma rasteira e me fazer parar no chão, além do que, amanheci todo dolorido.
Como eu ia direto na casa desse amigo, eu já tava ligado onde estavam as paradas de fazer o café, botei o café pra passar e fiquei sentado em cima da mesa de jantar pra esperar. Comecei a reparar seus móveis, nunca tinha parado pra analisar a casa dele do jeito que eu estava fazendo agora, sinceramente acho que é só o álcool falando ainda, porque tudo na casa dele parece ter ficado mais bonito e sendo sincero aqui com você, meu amigo não é dos caras com o melhor bom gosto nesse mundo.
Para começar, a casa dele tem uma sala grande, um sofá-cama bem no meio, logo em frente ao sofá tem aquelas mesinhas que normalmente as pessoas usam para apoiar o pé, mas ele usa pra colocar livro não sei porque, e em seguida já vem uma mesa, uma mesa branca e quadrada com uma Tv 4k de resolução e de tela curva, e ao redor, nas paredes, tem vários quadros caros, um mais estranho que o outro. Ok, admito que talvez eu não tenha bom gosto.
Quando eu ia começar a fazer uma análise da cozinha, chega meu amigo, de pantufa e roupão com os olhos fundos de alguém que não tinha conseguido dormir direito, fez um gesto com a mão pra dizer seu bom dia porque parecia que ele não estava acordado o suficiente pra falar qualquer coisa ainda, “Bom dia meu querido, quéis um cafézinho?” falei pra ele enquanto levava a garrafa pra mesa, “tá” ele respondeu quase que murmurando.
Sentamos à mesa, preparei meu café, ele preparou o dele e quando ele parecia mais acordado eu perguntei, “aí cara, sabes onde foi parar o meu cel….” nem consegui terminar de falar e ele jogou meu celular na mesa e disse “Eu escondi de você essa noite, pra você parar de fazer merda” , então percebendo que eu parecia não saber do que ele estava falando, ele começou a me contar tudo.
No cassino, cap. 2
Chegamos no Cassino em torno das 23 horas, eu, meu amigo e sua namorada, e o Charles (é aquele amigo que não agrega nada na tua vida, mas quando ta longe você sente falta), tinham que ter visto, estava cada um mais elegante que o outro. Começando por mim, tava só o básico, um sapato preto, uma calça jeans azul com alguns rasgos no joelho, uma camiseta branca, uma jaqueta preta e a elegância já vem de nascença. Mas meu amigo e a namorada dele, já eram outra história, mas que casal lindo.
Meu amigo já era bonito por natureza, tinha um rosto quadradinho que por si só já é um charme ( Na escola todo mundo zoava, hoje em dia ta todo mundo pagando pau), cabelo comprido com um coque em cima ( Nem em um samurai ficaria mais daora do que ele em um coque desse), olhos mais castanhos que uma noz e uma barba, feita por ele e na navalha. Foi com um terno preto e uma camiseta polo branca, pegou o relógio mais caro que tinha, era tão bronze que até parecia madeira. A namorada dele era outra que teve sorte, até parece que foi beijada por um anjo no dia que nasceu. cabelo dela era tão loiro que até a cachinhos dourados ficava enciumada. Também tinha olhos castanhos, mas eram claros que nem um favo de mel. Estava usando um batom na cor vinho só pra combinar com o vestido que ela estava usando, só que esse por sua vez era todo brilhante, enfim, o casal mais lindo do cassino.
Agora, o Charles, era meio judiado o coitado, mas sabia se vestir tão bem que já tinha até ganhado alguns concursos de beleza, esse eu deixo por tua conta.
Entramos, nunca tinha visto um lugar como aquele. Tinha um ar clássico de cassino, um cheiro forte de bebida no ar, cheiro de cigarro e muita gente rica rindo e enchendo a cara, prontos para apostar todo o seu dinheiro ali. O que mais impressionava era a riqueza do lugar, o teto se fosse pra comparar com um prédio eu diria que tinha uns 15 andares de altura porque era muito alto, tinha vários mosaicos feitos com tinta neon no teto, eu tava impressionado, cada pilastra gigante que aparecia e todas pareciam estar revestidas por ouro, eram estilo aquelas pilastras gregas e não era a toa já que tinha uma estátua gigante de Atlas segurando o Mundo logo a nossa frente, essa por sua vez também era revestida de ouro, com as luzes que tinham colocado estava a coisa mais impressionante que eu já tinha visto.
Mas não era à toa toda aquela riqueza, aquele cassino era tão grande que para qualquer direção que você olhava, havia pelo menos 100 fileiras cheias de máquinas caça níqueis e jogos de azar. Mas aquele não era o nosso foco, nós tínhamos ido lá porque a gente tinha sido convidado pra festa de uma amiga nossa que tinha acabado de completar seus 40 anos, e na melhor forma possível.
A festa era no sexto andar, subindo pelo elevador dava para ver cada andar, já que ele era todo de vidro, e pelo amor de Deus, cada um mais extravagante que o outro.
Chegamos no sexto andar, uma fila imensa, eu não ia esperar aquilo diminuir de jeito nenhum, comecei a passar na frente de todo mundo enquanto meus amigos me acompanhavam logo atrás, como se estivessem me usando de escudo humano.
Chegando no começo da fila já tinha logo um segurança, chuto pelo menos 2 metros de altura, porque tive uma certa dificuldade de achar o rosto dele quando olhei pra cima, era um cara parrudo, aqueles caras bombados, mas que mesmo assim tiveram o azar de ter uma barriga que os acompanhava para toda a eternidade.
Tentei passar mas fui barrado, ele olhou pra mim e disse “Volta pro final da fila e espera como todo mundo”, tentei contra argumentar com ele, falando que conhecia a aniversariante e que ele não sabia como que ela ia se estressar pelo jeito que ele estava tratando a gente, acho que não fui convincente o suficiente, porque se a nossa querida aniversariante não tivesse chegado logo em seguida, ele provavelmente teria me espancado ali mesmo. “Que isso minha gente, sem estresse, deixa eles passarem, conheço esses ai desde que ainda estavam engatinhando” disse a aniversariante com um sorriso que ia de um lado do rosto até o outro.
Vocês tinham que ver que mulherão ela era, tinha longos cabelos loiros, uma pele invejável para algumas mulheres de 40, olhos azuis cor de mar, parecia que ela sugava sua alma de tão azuis que eram os olhos dela; e a boca, nem consigo me expressar direito, ela tinha uma boca abençoada, seu toque era tão suave que parecia algodão ( já tive a oportunidade de tocá-los uma vez) e o corpo, aquele corpo coberto por um vestido vermelho que realçava todas as curvas, vou parar por aqui antes que fique +18.
Na festa, cap. 3
Entramos, ela nos recebeu com abraços, estava visivelmente bêbada porque já não parecia estar certa das ideias, deu um beijo e um abraço em todo mundo e eu fiz questão de dizer em tom de brincadeira: “Aí, você disse que conhece a gente desde que gente tava engatinhando, mas não se esquece que a gente só tem 10 anos de diferença”, ela riu, me olhou e disse, rindo que se acabava, “Eu sei, eu sei, mas que foi engraçado foi”, nessa hora tive que segurar ela, porque ela quase iria cair, estava de salto alto, e isso não combina muito com bebida não, “Obrigada”, ela disse quase que no chão de novo, “Aproveitem a festa!” ela disse, e nessa hora eu já tinha desistido de ajudar, ela já estava toda jogada no chão rindo que só ela sabia o porquê.
Já era meia-noite, parecia que o tempo tinha passado muito rápido e ainda não tínhamos feito nada. Meu amigo e sua namorada tinham ido para um lado, eu e Charles tínhamos ido para o outro, estávamos visivelmente perdidos sem saber o que fazer, era claro que a gente tinha que ta dançando e bebendo, mas a gente ainda estava se habituando. A pista de dança era um tanto curiosa, o chão inteiro estava piscando, mas não era em quadrados que ele era divido, mas sim vários triângulos e de alguns deles saiam uns feixes de luz, era como se tivesse aquelas luzes no teto que ficam indo pra lá e pra cá mas além de estarem no teto elas estavam no chão também.
Na frente da pista tinha uns degraus que faziam com que a mesa do Dj ficasse um pouco mais alta que a própria pista, a mesa toda iluminada com luzes neon e o próprio Dj estava usando uma máscara de caveira muito doida que ficava piscando o tempo todo, não duvido nada que aquele cara a qualquer momento possa ter um ataque epilético. A direita da pista tinha o bar, mas que bar hein, era cheio de mesas, todas redondas com assentos redondos também, todos acolchoados, e um pouco à frente estava o bar mesmo, cada bebida! Eram fileiras e fileiras cheio das bebidas mais caras, um alcoólatra certamente estaria no paraíso se visse aquilo.
“Aí Charles acho que vou tomar alguma coisa… …Charles?”, quem disse que ele ainda estava ali comigo? Quando fui ver ele já tinha dado um perdido pela pista, só fui encontrar ele de novo uma hora depois quando eu vi ele dando uns amassos em uma garota e quase sendo expulso da festa por tentarem começar a fazer coisas “indecentes” ali mesmo.
Estava sozinho nessa então, andei em direção ao bar e acho que meus reflexos nunca estiveram tão apurados porque consegui desviar de toda aquela multidão que estava naquela festa. Sentei no banco, de frente pro balcão, apesar dos assentos acolchoados, eu ainda preferia as boas e velhas cadeiras que eram mais altas, e que ficam logo no bar, então eu não tinha que chamar o garçom toda hora ou me levantar. “Me vê um Jack aí, só pra começar”. 00:30 era o horário quando eu decidi ir dançar, depois de um drink, quer dizer, acho que foi dois, talvez 3, bom quem que tá contando né?
Levantei rapidamente do meu banco e fui direto pra pista, acho que o álcool já estava tomando conta de mim, porque já cheguei logo, cambaleando, e agora toda minha habilidade de desviar já tinha ido pro lixo, então só aceitei, é já tô bêbado, e comecei a dançar. Na hora estava tocando umas músicas eletrônicas incríveis, estava realmente me divertindo, sem pretensão alguma, não queria me relacionar com ninguém aquela noite, só queria dançar como se não houvesse amanhã, e foi o que eu fiz. 01:00 era a hora, meia hora dançando já estava ficando cansado e confesso que até um pouco tonto, aquele álcool estava me corroendo por dentro, eu tava ruinzão.
Então olho pra frente e vejo lá o Charles vindo irritado em minha direção, ”Eaí cara qual foi?” eu perguntei pra ele soltando um arroto, que eu consegui tapar com a minha mão, pra não deixar ele mais irritado do que já estava, “tava lá com uma mina, papo vai papo vem, beijo vai beijo vem e aí a gente começou a fazer uns negocinhos, tá ligado, aí veio uns seguranças tudo irritado falando que a gente tava desrespeitando o ambiente, ‘tem ninguém vendo irmão’ eu tinha dito pra ele, pra ver se ele ficava mais tranquilo, mas aparentemente o senso de justiça dele era maior. Ele pediu pra gente se retirar e eu já falei ‘sé louco cara não vem com essa não já tá tudo resolvido aqui’”, enfim a mina ficou constrangida e sumiu, e agora eu perdi a minha chance da noite”, olhei pra ele e disse “Tu perdeu a cabeça?Óh as coisas que você quis fazer aqui cara, tu táis errado, não ele”, talvez o Charles tenha ficado um pouco mais irritado depois do que eu disse, porque ele veio e me lançou essa “Pelo menos nosso amigo ta com a dele garantido já, e nóis aqui, aliás como tá indo tua namorada?”, ele sabia que a gente tinha terminado, eu já tinha dito pra ele e ele me vem com essa, então eu falei “Cara vai se foder” e antes que eu tentasse esmurrar a cara dele eu me virei e voltei pro bar.
Amor, pelo menos era o que eu achava, cap. 4
Eu estava até aquela hora muito bem, tinha esquecido aquilo por algumas horas, foram as únicas horas nesses últimos tempos que eu tive paz pra pensar qualquer coisa que não fosse ela, ele sabia que isso ia me machucar e mesmo assim falou, e agora eu tô aqui de novo, pensando, pensando e pensando nela, e com uma puta dor de cabeça.
Faz mais ou menos uma semana que a gente terminou, desde que ela veio pra mim e disse que estava gostando de outro, eu não pude acreditar no que estava ouvindo, aquilo não fazia sentido algum pra mim, a gente estava tão bem, a gente estava na melhor fase do nosso relacionamento, pelo menos é o que eu pensava, porque parece que pra ela não era assim.
Ela nunca transpareceu contrariedade a meus sentimentos, a gente sempre se deu bem e DO NADA ela me chega com essa. “Quem?” eu perguntei com os olhos húmidos com uma voz trêmula de raiva e de tristeza, “O Johnny”, “Aquele merda que trabalha com você?” eu disse desacreditado daquilo, então ela começou a me contar tudo, me disse até o momento que eles começaram a conversar e em qual momento começaram a se sentir atraídos um pelo outro, aparentemente já fazia mais tempo do que eu podia imaginar, pelo menos uns 2 meses mas ela jura de pé junto que nunca tinham feito nada.
Então ela começou a me dizer que estava meio chateada por algumas coisas que tinha acontecido com a gente e que não teve coragem de me dizer, mas disse que o Johnny estava ali pra consolar ela nesses momentos. “Por que? Por que?” eu disse chorando, “Ele me entende, algo que você não soube fazer” ela me falou desse jeito mesmo na cara dura, ela nunca tinha feito nem questão de me dizer quais eram os problemas e agora disse que queria terminar porque estava mal comigo?
“Vai embora, VAI EMBORA AGORA” eu disse chorando de raiva, e ela simplesmente se virou e disse “Boa sorte, você vai achar alguém melhor que eu” e foi embora, sem mais nem menos. Desde esse dia minha vida está sendo um inferno porque não consigo nem mais me aguentar, eu fico pensando, “então eu sou um problema?” ou fico reprisando esse momento e vários outros na minha cabeça, não era possível que do nada tudo tinha acabado, não era possível que a gente nem tentou resolver isso, não entrava na minha cabeça o que tinha acontecido.
Eu já não conseguia pensar em mais nada direito, fiquei muito mal, só aceitei vir pra festa por insistirem muito e porque já estava achando que estava na hora de esquecer ela, e eu fiz isso, por umas 5 horas até aquele momento.
Maldito seja o álcool, cap. 5
Voltei pro bar, mais chateado que nunca, chateado e irritado, mas pra não transparecer cheguei com uma cara de paisagem que pelo menos estava disfarçando os meus sentimentos, “Me vê um shot aí”, “Me vê outro”, “Me vê mais um aí”, “Me vê outro que tô só começando”.
Eu já não queria saber de mais nada, mais nada que não fosse entender o que tinha acontecido, ainda estava inconformado como eu tinha me jogado de cabeça e do mesmo jeito que eu fui eu voltei, ela fez parecer tudo tão simples só porque não quis nem dar um jeito naquilo, fez parecer que não era nada a situação e veio logo com uma secura e deu um basta, mesmo eu não sabendo de nada que tinha acontecido até aquele momento, o que que ela deve estar fazendo agora? Será que ela ta lá aproveitando com o Johnny, se divertindo? Esperando até arranjar outro e acabar com a vida de mais um? “desce dois whiskies aí por favor”, “você ainda tá contando?”, “agradeça por eu estar ajudando a casa”.
Blackout total, meus olhos estavam tão pesados que eu sentia como se cada piscada fosse uma eternidade, uma hora eu tava no bar, outra hora já não estava mais; uma hora eu estava na pista, outra hora estava em um canto beijando uma desconhecida; uma hora eu tava em um canto beijando uma desconhecida, outra hora tava levando uma surra; uma hora tinha um segurança me segurando, outra hora eu tava em um carro indo pra não sei onde. Isso foi o máximo que eu consegui lembrar depois das 2, foi o máximo até meu amigo me contar tudo que tinha acontecido,“Eu nunca tinha te visto daquele jeito, você tinha pego uma garrafa de whisky e tava virando ela inteira no meio da pista, deixou cair mais na tua jaqueta e na camisa do que na sua boca e depois só soltou ela, na mesma hora ela se quebrou e tu saiu vazado pra outra área da pista. Você tava dançando parecia que tava alucinado, eu tentei te chamar algumas vezes mas parecia que você não ouvia, te dei uns toques e você só olhou pra mim com os olhos tão esbugalhado que eu acho que nesse meio tempo, em que você virou a garrafa, você também acabou tomando umas balas e tava rindo que se acabava, e voltou a dançar, e de um jeito muito louco, não sei qual era a sua intenção, se era passar vergonha ou se era se achar o máximo. Porque se era a primeira opção, você conseguiu.
Decidi te deixar um pouco por conta e fui dançar com a minha mina, quando eu fui olhar você de novo, tu já tinha sumido, só fui te achar uns minutos depois porque tinha um sujeito te metendo a porrada, aparentemente você tava beijando a mina do cara, ele veio pra cima de você, começou a te empurrar e tu só vomitou nele, depois disso foi só porrada e se não tivesse sido um segurança, era capaz do cara ter te matado.
Você foi levado pra fora do local da festa, a aniversariante até tentou te ajudar mas você tinha feito tanta merda que não deu, tu foi jogado pra fora, e foi jogado mesmo, dois seguranças te pegaram pelos braços e te jogaram pra fora como se você não fosse nada.
O cara puxou a mina pelo braço e foi se resolver com ela, obviamente não acabou bem mas não sei o resto porque eu fui te ajudar. Eu e a minha mina te levantamos e decidimos ir embora, deixamos o Charles ali mesmo porque alguma hora ele ia olhar o celular e ver que eu tinha deixado uma mensagem avisando o que tinha acontecido.
Imagina o trabalho que foi pra te colocar no carro, você tava chorando, gritando e tava fazendo de tudo pra não entrar, e assim que a gente conseguiu, tu ficou num canto do carro todo encolhido. Deixei ela em casa e depois te levei aqui pra casa. Pra ver se tu dava uma animada ou uma acordada, te dei a chave de casa pra você ir abrindo enquanto eu estacionava o carro, andando todo torto tu foi lá, abriu e me trancou pra fora, quase estourei a porta pra abrir até que eu lembrei que tinha uma chave reserva.
Eu já tava muito puto nessa hora, quando entro te vejo gritando pro celular e digitando freneticamente, tu tava mandando mensagem pra tua ex, e que merda tu fez porque tu não mandou nada legal não, você parecia bem chateado, começou a pedir pra ela voltar, depois começou a xingar ela, não só ela como mais um cara que agora eu não lembro o nome, começou a ligar pra ela também e foi o novo namorado dela que atendeu, também metendo o louco, começou a falar se você continuasse a mandar mensagem ele ia ligar pra polícia e se você não parasse ele ia vir até aqui pra te meter a porrada. Peguei o celular da tua mão, nessa hora você só tirou a jaqueta e jogou na pia, tirou a camisa e se jogou no meu sofá, não tentou pegar de volta nem nada, só se jogou e desmaiou, e bom, agora a gente ta aqui”.
Mal estar, cap. final
Olhei pra ele meio desconcertado, eu não lembrava direito daquilo, obviamente não era algo que eu faria se eu tivesse lúcido, eu tenho bom senso, “ai cara eu não lembrava disso, sério mesmo” eu falei pra ele meio sem jeito, “Ta tudo bem, eu sei que você tava doidão, mas não é comigo que você vai ter que se resolver”.
Eu senti meu corpo afundando naquela cadeira, comecei a sentir um gosto amargo na boca, aquele café já não descia bem, já não me dava prazer, eu sei que o que eu fiz não era certo, senti um embrulho no estômago e corri pro banheiro. Cara, eu vomitei tanto que até saiu pelo meu nariz.
Respirei um pouco, deixei a tontura passar, um pouco pelo menos porque eu ainda tava vendo tudo embaçado. Levantei da privada ainda um pouco mal, afinal eu vomitei, mas a ressaca não passou, limpei minha boca pra tirar aquele gosto ruim, voltei andando todo torto pra sala, onde meu amigo tava e disse “Cara, eu fiz muita merda”, ele olhou pra mim, tomou um gole de café e disse “Fez mesmo”, e tudo que eu pensava a partir daquele momento era em como eu iria me virar pra resolver toda aquela treta.