Chegou a minha vez, e eu sabia disso. Estava tremendo, não pude me conter. Eu sabia o que estava para acontecer. Suas mãos estavam ensanguentadas. Olhei para trás dele e vi os restos do ato que ele cometeu. Tirou um pano do bolso e na mesma velocidade que ele se pôs a limpar sua mão, ele se pôs a limpar seus facões. Ele olhava para a minha direção com um sorriso, era visível em seu rosto que estava tranquilo com o que tinha acabado de fazer… parecia até ser algo natural… como se ele já fizesse isso a anos. Passo após passo. Colocou o pano no bolso e se pôs a afiar seus facões um no outro. Passo após passo. Cada vez mais perto, cada vez mais claro o que iria fazer. Passo após passo. Eu estava tremendo, comecei a mover minha mão uma sobre a outra. Ficamos cara a cara, frente a frente, e rapidamente… dei dois passos para trás.

-Boa tarde senhor, hammm acho que vou querer meio quilo de Patinho.

-Pois não é pra já. Tá fazendo um frio né?

-Pois é, se aqui tá frio, imagina lá fora.