Para todos os fãs de romance adolescente, sinto lhes informar que Lady Bird não é um filme para quem busca esse tipo de gênero, não digo que você não possa ver, mas se você for assistir com a intenção de ver esse tipo de filme você possivelmente irá se decepcionar.  Para não dar spoilers vou contar bem por cima o contexto do filme.
Com uma atuação impecável o filme conta a história da adolescente “Christine McPherson” mais conhecida como “Lady Bird”, nome que ela mesma se deu, onde se passa na cidade de Sacramento, Califórnia, lugar que nossa protagonista quer deixar pelo fato de detestar a cidade mas por ser de uma família de baixa renda e pela falta de apoio da mãe ela passa por muito sufoco e estresse por ter que procurar meios, como bolsa de estudo e auxílio emergencial, para entrar em uma dessas faculdades e ter que lidar com uma mãe com caráter forte, algo que cria a maior parte da trama do filme. No meio desse drama todo, simultaneamente, é mostrada a vida de nossa protagonista na escola onde ela vive o maior dilema dos adolescentes, a busca por aceitação. E é nessa hora que os fãs de filme de romance sensacionalista adolescente se decepcionam porque o filme mostra de forma realista como é esse processo para um adolescente desde o momento em que ele passa a tentar ser alguém que não é para se encaixar em um contexto que não é feito para ele e como sofre e se decepciona nessa jornada, muitas vezes vivendo nela por muito tempo, talvez você até se identifique mais com esse filme do que com Riverdale por exemplo, mesmo não querendo. O filme não tem nenhum ápice onde muita merda começa a acontecer ou algo assim, o que pode fazer muita gente achar o filme entediante porque ele tem uma linha bem reta no processo de entrar no drama e sair do drama, não possui nenhum momento que envolva forte sentimentos para quem está vendo, ao menos que você esteja ou já tenha passado por algo parecido.
A melhor qualidade do filme é como mostra de forma REAL à vida de uma adolescente americana classe média baixa com problemas em casa, a questão do dinheiro para a faculdade e toda a pressão pelo fato dela não ter outra opção senão tentar a sorte através de bolsas ou auxílios e ter que lidar com esse peso. Todo o relacionamento dela com a mãe, dependendo de como você interpretar, pode achar apenas que ela não sabe lidar com a forma de amor da mãe, mas aí quem tem que assistir para tirar as próprias conclusões é você. Mostra também os problemas na escola, todo o processo de mudança para se assemelhar com pessoas incompatíveis a ela e todo o drama em volta da auto aceitação, conhecer a si mesmo e aceitar a si mesmo da forma que você é, com as pessoas que você anda e realmente se identifica, nas questões sociais em que você está inserido e no final de tudo ser apenas você mesmo. Muitos de nós passamos por isso, é quase um processo inevitável este de auto aceitação, sempre acontece, para algumas pessoas em menor grau e para outras em maior grau. Claro que a maioria não é da forma que está nesse filme, mas o conceito é o mesmo em situações diferentes.
Então, ver todo o drama desse filme faz com que a gente pense um pouco sobre as nossas próprias vidas, estou andando com quem realmente me faz bem? Estou sendo eu mesmo? Eu sei quem sou eu mesmo? Meus relacionamentos são bons para mim? Porque eu tenho sorte de ter uma relação em casa assim ou porque eu tenho azar de ter uma relação em casa assim?
Este tipo de filme apesar de não ser “emocionante” nos toca no ponto mais profundo da nossa alma, descobrir quem nós somos, e para todos que gostariam de começar a se entender, sugiro este filme porque com certeza te fará pensar bastante sobre isso.