Você chacoalhava a mão como se fosse um cachorro, talvez porque não soubesse chamar a minha atenção de outra forma. Me olhava com olhos de quem havia perdido algo, fazia beicinho e logo principiava a chorar, como se tivessem arrancado uma parte importante do seu ser. Sabia que se ficasse agindo dessa forma por mais alguns minutos eu lhe daria exatamente o que queria, porque ainda não sabia como me pedir isso sem fazer o seu drama característico. Mas tudo bem, porque por trás de suas ações sempre houve um coração bondoso.

Você chacoalhava a mão como se fosse um cachorro, talvez porque não soubesse chamar a minha atenção de outra forma. Logo que eu te pegava no colo, seu rostinho imediatamente mudava. Seus olhos se tornavam esperançosos, mantia o beicinho e continuava a chorar, porque ainda não havia recuperado o que era seu por direito. Sabia que se ficasse agindo dessa forma por mais alguns minutos eu lhe daria exatamente o que queria, porque ainda não sabia como me pedir sem fazer o seu drama característico. Mas tudo bem, porque eu sabia o quão importante era aquilo para você.

Você chacoalhava a mão como se fosse um cachorro, talvez porque não soubesse chamar a minha atenção de outra forma. Pegava a chupeta que estava em cima da mesa e colocava em sua boca e seu rostinho imediatamente mudava. Seus olhos expressavam contentamento, como se tivesse atingido o seu maior objetivo. Desfazia o beicinho e de canto de rosto aparecia um sorriso de orgulho, como se tivesse feito um ótimo trabalho me chamando atenção. Mas tudo bem, porque o seu contentamento era o meu contentamento.


Mas desta vez foi diferente. Você parou de chacoalhar a mão como se fosse um cachorro, talvez porque já soubesse que a partir dali tudo que fizesse seria igual aos outros dias. Nos seus olhos, pairava uma profundeza, como se pela primeira vez estivesse entendendo algo realmente importante. O que seria? Sua boca já não chupava mais, e rapidamente, como se fosse água, a chupeta esgueirou de seus lábios e foi de encontro com o chão. Mas tudo bem, porque o que você estava entendendo já era bem claro para mim, e talvez muitas outras coisas também.

Você nunca mais chacoalhou a mão como se fosse um cachorro, talvez porque já não fizesse mais sentido para você. Seus olhos foram de encontro aos meus e me disseram exatamente o que você queria mas não podia falar naquele momento. Seu rostinho logo mudou. Sua boca se fechará e seus olhos também, talvez porque compreender tudo isso sobrecarregasse seu pequeno corpinho que com tanta delicadeza se pôs a repousar. Um sono de renovação por finalmente estar pronto para o mundo dos homens. E tudo bem, porque mais cedo ou mais tarde, você havia de amadurecer.